domingo, 27 de setembro de 2009

IEQ do Cotolengo - Novo Testamento

O Cânon do Novo Testamento



O Cânon do Novo Testamento é um dos 'pacotes' cristãos que herdamos dos que nos antecederam. Grandes esforços foram despendidos da parte de cristãos sinceros dedicados ao Senhor de todos nós, Jesus, bem letrados na Palavra, e profundamente preocupados com a saúde da doutrina que Cristo Jesus nos deixara.

É ainda comum se pensar que o conjunto de livros sagrados considerados inspirados por Deus, foi entregue à humanidade na forma e ordem em que se encontram na Bíblia, hoje. Esta visão romântica da Bíblia limita o conhecimento, e por conseguinte, limita o crescimento do povo cristão dos nossos dias. Em se tratando do Novo Testamento, isso se dá, basicamente, em razão de os que lideram o grande rebanho, desconhecer as nuances da formação desse cânon, privando os irmãos de ter esse contato maravilhoso com a história dos seus irmãos desta grande família.

A organização dos livros do Novo Testamento levou mais de trezentos anos para ser definida. Nesse ínterim, irmãos vários doaram até suas próprias vidas para manter em existência todo esse material escrito. Eles os reproduziam, e os espalhavam às comunidades cristãs dispersas nas várias regiões do mundo antigo. Eles os liam nas 'igrejas', e procuravam guardá-los em lugar seguro em tempos de perseguição.

Esses documentos: livros, cartas, homilias e tratados, existiam em abundância; não se resumiam aos vinte e sete que temos hoje. Vários documentos que carregavam os nomes dos apóstolos e de outros importantes servos do Senhor, surgiram na época da Igreja Primitiva (até aproximadamente 400 d.C). Isso acontecia, principalmente, em virtude de alguns homens, até mesmo sinceros cristãos, ao escrever um documento, assumir o nome de alguém proeminente para que o tal documento circulasse livremente e com autoridade. Sua preocupação maior era a de garantir que a sua doutrina ou pensamento fosse levado à diante.

Início da Organização do Cânon

A proliferação desses documentos, alguns com ensinamentos notoriamente maléficos à doutrina cristã, provocou a necessidade de se definir quais documentos deveriam ser considerados sãos para os cristãos. Além disso, o edito do imperador Diocleciano que ordenava a queima de todo livro sagrado, de certa forma, intensificou a urgência em se estabelecer um rol definitivo para os livros sagrados. Assim sendo, homens santos se reuniram para essa árdua tarefa. A questão maior era: como decidir se tal livro é, ou não, inspirado por Deus? Desde muito cedo (~150 d.C) começaram a surgir listas e catálogos que traziam a relação dos livros lidos comumente nas 'igrejas' e tidos como inspirados por Deus. Foram então estabelecidos os seguintes critérios para a análise desses documentos:
Apostolicidade: O documento foi escrito por um apóstolo, alguém que viu Jesus e andou com Ele? Se não, teve o autor íntima relação com um apóstolo (exemplos aceitos na época: Marcos e Lucas)?
Conteúdo: A mensagem que o documento traz está de acordo com os ensinamentos das Escrituras, i.e., o Antigo Testamento? Possui conteúdo espiritual e relevante para a vida cristã? Carrega a Doutrina ensina pelo Salvador Jesus Cristo?
Universalidade: O livro foi aceito pelos primeiros cristãos como proveitoso? era comumente lido nos primeiros ajuntamentos cristãos?
Se a resposta fosse 'sim' para esses pré-requisitos, o documento era incluído no cânon que estava sendo formado. Esses critérios eram observados por representantes de várias comunidades cristãs da época, os livros eram cuidadosamente examinados e sua história verificada para se saber da sua autenticidade.

Os Documentos

Alguns documentos que gozaram de lugar nas primeiras listas (e que acabaram sendo retirados dela) foram:
I Clemente: Primeira epístola de Clemente Romano (~96 d.C.) aos Coríntios. Clemente foi, possivelmente, um dos companheiros de Paulo em suas jornadas (Fl. 4:3). Nesta epístola, Ele exorta a comunidade a acalmar os seus ânimos exaltados e a por fim aos conflitos que criaram, pois não são dignos de Cristo; isso ele faz com muita beleza. A carta sempre obteve alta estima entre os cristãos, e é muitíssimo útil ao cristão honesto. É lamentável que hoje pouquíssimos tenham acesso a esse material tão proveitoso a todos nós. A segunda epístola de Clemente (II Clemente) apesar de ser encontrada, juntamente com I Clemente, no Codex Alexandrinus, raramente foi tida como autêntica.

O Pastor: Provavelmente escrito por Hermas (~140 d.C.), companheiro de Paulo em suas viagens (Rm. 16:14), é um documento universal, com caráter apocalíptico. Muitíssimo querido pelos primeiros cristãos, este documento foi tido por inspirado por muitos. Hoje, porém, ainda que é de valor inestimável para nós, o livro é quase totalmente desconhecido da comunidade cristã dos nossos dias.

Epístola de Barnabé: Descoberta recentemente (séc. IX), a epístola de Barnabé (~130 d.C), companheiro de Paulo (ainda que hoje, poucos concordam que tenha sido o próprio Barnabé, seu autor), possui um tom veloz e firme, mesmo tendo estilo pobre, sua posição com relação a Cristo é gloriosa, e suas interpretações do Antigo Testamento são inspiradoras. Gozou de autenticidade por alguns proeminentes pais da igreja durante os primeiros séculos.

Didaque (O ensino dos doze Apóstolos): Esse documento, muito proveitoso e útil a qualquer cristão sincero, esteve também na categoria de "livro sagrado" por muito tempo. Sua circulação era comum entre os primeiros cristãos, era também muito estimado.

Houve ainda outros documentos que carregavam os nomes dos apóstolos. Apesar de serem lidos por algumas comunidades, nunca gozaram da condição de livros sagrados, por apresentar divergências nítidas com as Escrituras estabelecidas, e por ser muito fantasiosos:
O Apocalipse de Pedro
Atos de Paulo
O Evangelho de Pedro, e outros

Há, em nosso cânon (o Novo Testamento), livros que encontraram muita dificuldade para fazer parte dele. Alguns, até hoje são disputados quanto a sua autenticidade
Epístola aos Hebreus: apostolicidade (autor desconhecido).
Epístola de Tiago: apostolicidade (provável pseudoepígrafe), conteúdo (clara divergência com o ensino da justificação unicamente pela fé), e universalidade (uso improvável pelos primeiros cristãos)
II Epístola de Pedro: apostolicidade (provável pseudoepígrafe), e universalidade (uso improvável pelos primeiros cristãos).
II e III Epístolas de João: apostolicidade.
Epístola de Judas: apostolicidade (provável pseudoepígrafe), e conteúdo (menciona livros apócrifos (de certa forma, conferindo-lhes autoridade): Ascensão de Moisés e Enoque).
Apocalipse de João: apostolicidade e conteúdo

Foi no Concílio de Cartago (397) que a primeira lista com os livros inspirados do Novo Testamento (com os vinte e sete livros que temos hoje) foi acolhida.

Certamente o Espírito de Deus, que inspirou nos escritores sagrados a mensagem de Deus, guiou também aqueles sobre cujos ombros repousou a responsabilidade da análise e seleção de todo esse material que hoje dispomos como o Novo Testamento. Não devemos, entretanto, banir do nosso meio aqueles documentos que, ainda que não gozam do privilégio de fazer parte do nosso atual Cânon, possuem ensinamentos úteis e proveitosos a nossa vida cristã.
Tendo diretrizes acertadas, a Igreja de Jesus seguramente ganhará com o conhecimento desse material, também pertencente aos primeiros cristãos. Talvez, Paulo, em I Tessalonicenses 5:19-21, fortaleça esse conselho:
19 Não extingais o Espírito; 20 não desprezeis as profecias, 21 mas ponde tudo à prova. Retende o que é bom.

IEQ DO COTOLENGO - IR À IGREJA

Assim como nosso corpo precisa funcionar bem para termos saúde, também nossa fé precisa estar bem para termos saúde espiritual.Um dos grandes sintomas de que nossa fé não está bem é quando não queremos ir à igreja. Isto pode acontecer por dois motivos principais:

1º - é porque a pessoa pensa que é tão pecadora que não é digna de estar com os cristãos.Bem, se este é o motivo isto não deveria acontecer porque a igreja é, em primeiro lugar, a reunião de pessoas pecadoras, que reconhecem isto, e que carecem do amor, da graça e da misericórdia de Deus. Sendo assim, cristão não é aquela pessoa perfeita e que não comete mais pecados. Cristão é a pessoa que não busca a sua auto-salvação e sua autojustificação, mas busca isto única e exclusivamente em Jesus Cristo. Portanto, a igreja é formada por pecadores conscientes de que precisam de Deus em suas vidas.

2º - é porque algumas pessoas pensam que lendo a Bíblia em casa e fazendo suas orações não necessitam ir à igreja, pois já têm sua fé e isto basta. Por um lado isto é verdade. A Bíblia nos deixa claro que para ter fé é necessário crer. Mas talvez precisaríamos nos perguntar se é isto que Deus quer de nós. Será que Deus quer apenas que tenhamos fé? Surpreendentemente não é apenas isto que Deus espera de nós. A Bíblia nos fala que o desejo maior de Deus é que todos possam ser "maduros na fé". Que todos nós possamos buscar igualar nosso caráter ao caráter de Cristo: "ATÉ QUE TODOS CHEGUEMOS À UNIDADE DA FÉ E DO CONHECIMENTO DO FILHO DE DEUS, E CHEGUEMOS À MATURIDADE, ATINGINDO A MEDIDA DA PLENITUDE DE CRISTO. O PROPÓSITO É QUE NÃO MAIS SEJAMOS COMO CRIANÇAS, LEVADOS DE UM LADO PARA O OUTRO PELAS ONDAS, NEM JOGADOS PARA CÁ E PARA LÁ POR TODO VENTO DE DOUTRINAS E PELA ASTÚCIA E ESPERTEZA DE HOMENS QUE INDUZEM AO ERRO." (Efésios 4.13-14). Este texto nos ensina duas grandes verdades. A primeira é que o desejo de Deus é que, além de termos fé, nós possamos buscar ser igual ao caráter de Jesus Cristo. E o segundo é que busquemos ser "adultos" em nossa fé, o que significa que o "adulto na fé" sabe qual é a vontade de Deus para a sua vida e o que Ele quer de cada um de nós.

Talvez você esteja se perguntando: o que a igreja tem a ver com isto? Quero explicar brevemente como a igreja nos ajuda a nos tornarmos adultos em nossa fé.

1. Na igreja ouvimos a Palavra de Deus através de outras pessoas: "A FÉ VEM POR SE OUVIR A MENSAGEM, E A MENSAGEM É OUVIDA MEDIANTE A PALAVRA DE CRISTO." Os Cultos, estudos bíblicos, escola dominical, grupos de jovens, são formas de ouvir a Palavra de Deus. E esta Palavra nos estimula a refletirmos sobre a nossa própria fé e a fortalecê-la. Ao lermos a Bíblia em casa facilmente podemos selecionar aquilo que nos agrada e aquilo em que queremos crer. Mas quando ouvimos a Palavra de Deus através de outras pessoas Deus fala conosco aquilo que precisamos ouvir para nosso crescimento espiritual.

2. Na igreja também temos uma família: "TAMBÉM OS PREDESTINOU PARA SEREM CONFORME A IMAGEM DE SEU FILHO, A FIM DE QUE ELE SEJA O PRIMOGÊNITO ENTRE MUITOS IRMÃOS." (RM 8.29) E "COMO É BOM E AGRADÁVEL VIVEREM UNIDOS AOS IRMÃOS."(SL 133.1) No momento em que aceitamos em nossa vida Jesus como nosso Senhor e Salvador nos tornamos Filhos de Deus (Jo 1.12-13) e irmãos mais novos de Jesus Cristo tendo Deus como mesmo pai. Portanto agora fazemos parte de uma mesma família. Qual é a família feliz que não quer se encontrar e se visitar? Da mesma forma que nossos pais ficavam e ficam tristes em ver que seus filhos não se dão bem, assim também Deus se entristece quando vê que alguns de seus filhos não querem estar junto com os outros irmãos. A nossa comunhão não depende do outro ser querido ou não, mas daquilo que Deus fez através de Cristo em minha vida e na vida dele.

3. Na igreja temos o privilégio de vivermos como pessoas que compartilham da mesma fé já antecipando a comunhão que teremos no céu junto com Deus. E neste convívio nosso caráter é aperfeiçoado. "SABEMOS QUE CONHECEMOS (JESUS CRISTO), SE OBEDECEMOS AOS SEUS MANDAMENTOS. AQUELE QUE DIZ: "EU O CONHEÇO", MAS NÃO OBEDECE AOS SEUS MANDAMENTOS, É MENTIROSO, E A VERDADE NÃO ESTÁ NELE. MAS SE ALGUÉM OBEDECE À SUA PALAVRA, NELE VERDADEIRAMENTE O AMOR DE DEUS ESTÁ APERFEIÇOADO. DESTA FORMA SABEMOS QUE ESTAMOS NELE: AQUELE QUE AFIRMA QUE PERMANECE NELE, DEVE ANDAR COMO ELE ANDOU." E "ENQUANTO TEMOS OPORTUNIDADE, FAÇAMOS O BEM A TODOS , ESPECIALMENTE AOS DA FAMÍLIA DA FÉ" (GL 4.10). Para exercitarmos o amor é necessário que estejamos próximos, tanto para abençoar, como para ser abençoado.
Somos abençoados e podemos abençoar:

No testemunho - Quando testemunhamos ou ouvimos um testemunho somos fortalecidos vendo que realmente aquilo que estudamos e lemos na Bíblia se concretiza em nossa vida e na vida de nossos irmãos.

Aconselhando uns aos outros (Cl 3.13) - Não nascemos sabendo e precisamos aprender muito nesta vida. Na igreja você encontrará pessoas que podem aconselhá-lo, orientando-o na Palavra de Deus para que você possa ter uma vida mais feliz.

Orando uns pelos outros (Tg 5.16) - Na igreja podemos orar pelos outros e também recebermos oração por nós em um espírito fraterno de intercessão.

Suportando uns aos outros (Cl 3.13) - A vida, por vezes, é bastante dura conosco e somos surpreendidos por todo tipo de problemas que muitas vezes nos desanimam e nos desencorajam a viver. Juntamente aos irmãos da fé você encontrará consolo e conforto.

Exortando uns aos outros (Hb 3.13-14) - Mesmo como cristãos, nem sempre vivemos de acordo com a vontade de Deus. Precisamos uns dos outros para nos ajudar a corrigir nossas deficiências e limitações para amadurecermos na fé. Portanto, se há irmãos na fé, eles poderão ajudá-lo na caminhada e você na deles.

Servindo uns aos outros (1 Pe 4.10) - Aquele que não se dispõe a ajudar seu irmão nada compreendeu a respeito da fé e do amor ao próximo. Quando fazemos isto em grupo, ou seja, na igreja, temos muito mais força e eficiência. É na igreja que desenvolvemos nossas habilidades e dons para servir uns aos outros.

Como nós podemos verificar na Bíblia, ela nos dá motivos de sobra para freqüentarmos a igreja. Ao não fazer isto, o maior prejudicado é você mesmo que estará deixando de compartilhar as bênçãos que Deus tem reservado para seus filhos. Deus já nos deu estes presentes, mas você só os receberá se for buscá-los. Então, não perca tempo: venha se juntar aos irmãos na fé para crescer espiritualmente, com o objetivo de se aperfeiçoar na fé e viver de acordo com o propósito de Deus!

Autor: Samuel Scheffler